O QUE É A DISTROFIA
MUSCULAR DE
DUCHENNE (DMD)?1
A distrofia muscular de Duchenne (DMD) é a forma mais comum de distrofia muscular em crianças. É uma doença genética que se caracteriza pela degeneração e fraqueza progressivas dos músculos esqueléticos, que controlam os movimentos.
A DMD ocorre pela falta de distrofina – uma proteína que proporciona a estabilidade da membrana do músculo. O enfraquecimento dos músculos progride com o tempo, levando a dificuldades motoras para caminhar, correr, pular, se levantar e, nos estágios mais avançados, para respirar. Por esta razão, em estágios avançados da doença a pessoa com distrofia muscular de Duchenne passa a necessitar de ajuda para realizar as atividades da vida diária.
A distrofia muscular de Duchenne geralmente acomete meninos, enquanto as meninas podem carregar a mutação genética que causa a doença, muito raramente apresentando sintomas.
Músculos afetados nos estágios iniciais da distrofia muscular de Duchenne (DMD) 2
COM QUE FREQUÊNCIA a DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE OCORRE?3
A DMD é considerada uma doença rara. Em todo o mundo, a distrofia muscular de Duchenne afeta cerca de 1 a cada 5.000 meninos nascidos vivos, o que representa em torno de 20.000 novos casos por ano. No Brasil, a estimativa é de aproximadamente 300 novos pacientes a cada ano.
Mães de pacientes com DMD podem carregar a mutação genética e irmãs também podem ser portadoras. Essas mulheres devem ser encaminhadas para aconselhamento genético devido ao risco de recorrência da doença em outros filhos.
Entenda a hereditariedade da DMD4
A distrofia muscular de Duchenne afeta principalmente indivíduos do sexo masculino com incidência estimada de 1 caso a cada 5.000 meninos nascidos vivos
Pessoas do sexo feminino podem carregar o gene defeituoso, mas não apresentam sintomas em sua grande maioria
Em 30% dos casos não há histórico familiar (ou seja, a alteração genética acontece de forma espontânea na criança)
Cada mulher portadora tem 50% de chance de ter um filho homem com DMD e 50% de chance de ter uma filha portadora.
QUAL A CAUSA DA DMD?6
Para entender a causa da distrofia muscular de Duchenne (DMD), precisamos lembrar de alguns conceitos de genética. Proteínas são os pequenos tijolos que compõem o nosso corpo, estando presentes na pele, ossos, músculos, cérebro etc. Para que nosso corpo produza as proteínas da forma correta e na quantidade correta, é necessária uma receita. E esta receita está contida em trechos do nosso DNA, que chamamos de genes.
No caso da DMD, ocorre um defeito em um gene localizado no cromossomo X que impede a produção da distrofina. Esta proteína é fundamental para o funcionamento e para a integridade dos músculos do corpo. Na ausência da distrofina, as fibras musculares vão sendo danificadas sempre que há contração e relaxamento do músculo.
CURIOSIDADE: O QUE É A DISTROFIA MUSCULAR DE BECKER?¹
A distrofia muscular de Becker (DMB) é outra forma de distrofia muscular que também está relacionada a mutações no gene da distrofina. A diferença entre a distrofia muscular de Duchenne (DMD) e a DMB reside no tipo de defeito genético. Na DMD, a mutação impede que a “receita” para produção da distrofina seja lida e o resultado é a ausência completa da proteína. Por outro lado, na DMB, a mutação ainda permite que uma parte da “receita” seja lida. Como consequência, há produção residual da distrofina nos músculos.
A presença de distrofina, ainda que anormal ou em menor quantidade, permite que a distrofia muscular de Becker seja mais branda que a distrofia muscular de Duchenne. Os sintomas se iniciam mais tarde e muitos pacientes conseguem se manter caminhando até a vida adulta.
Diferenças entre a distrofia muscular de Duchenne (DMD) e a distrofia muscular de Becker (DMB):
REFERÊNCIAS
¹ – Flanigan KM. Duchenne and Becker muscular dystrophies. Neurol Clin 2014; 32: 671–688
2 – Muscular Dystrophy Association, 2020. Duchenne Muscular Dystrophy (DMD) Disponível em: https://www.mda.org/disease/duchenne-muscular-dystrophy. Acesso em 26.06.20
3 – Mendell JR, Shilling C, Leslie ND, Flanigan KM, al-Dahhak R, Gastier-Foster J, Kneile K, Dunn DM, Duval B, Aoyagi A, Hamil C, Mahmoud M, Roush K, Bird L, Rankin C, Lilly H, Street N, Chandrasekar R, Weiss RB. Evidence-based path to newborn screening for Duchenne muscular dystrophy. Ann Neurol 2012;71(3):304-13
4 – Bushby K, et al. Lancet Neurol. 2010 Jan;9(1):77-93;2 Moraes FM, et al. Rev Cient FMC. 2011 Nov;6(2):11-5;3 Darras BT, et al. Dystrophinopathies. In: Adam MP, et al., editors. GeneReviews®;10 Emery AEH. Neuromuscul Disord. 1991;1:19-29;11 Namgoong JH, Bertoni C. Degenerative neurological and neuromuscular disease. 2016;6:37-48.12
5 – Parent A. Duchenne De Boulogne: a pioneer in neurology and medical photography. Can J Neurol Sci 2005;32(3):369-77
6 – Muntoni F, Torelli S, Ferlini A. Dystrophin and mutations: one gene, several proteins, multiple phenotypes. Lancet Neurol 2003;2(12):731-40.
7 – Cai C, Anthony DC, Pytel P. A pattern-based approach to the interpretation of skeletal muscle biopsies. Mod Pathol 2019;32(4):462-483
Conteúdo elaborado pelo
Prof. Dr. Marcondes C. França Jr.
CRM-SP 102.490
Departamento de Neurologia da Faculdade de Ciências Médicas da
Universidade Estadual de Campinas (FCM – Unicamp)
Data: agosto/2020